MATERIA COMPLETA
A carne de lata não é só história, técnica, economia e tradição. É uma iguaria para os mais refinados paladares e o reconhecimento de um jeito antigo de cozinhar.
Colaboração de Marcelo Aragão de Podestá (Slow Food). A carne de lata é um tipo de carne produzida através de um processo de conservação de alimentos, similar ao “confit” – nome que vem do francês e significa “cristalizado”, bastante apropriado para a aparência que os alimentos ficam, envoltos na gordura, uma espécie de película brilhante. Ou seja, carne cozida na própria gordura. Comumente produzida no interior brasileiro, principalmente nos estados de Minas Gerais e de São Paulo para o armazenamento de carne de porco. A carne de lata, no Brasil, vem do porco.
Neste processo a carne é cozida ou frita lentamente em sua própria gordura e em seguida armazenada em uma lata, vem daí a origem do seu nome, onde é coberta pela própria gordura quente, retirando assim grande parte da água e umidade do preparo, podendo conservar o alimento por até cerca de um ano se armazenado em temperatura ambiente e longe de umidade excessiva. Este processo foi muito utilizado no interior brasileiro até meados do século XX antes da popularização dos refrigeradores no Brasil, porém está voltando com força total para os preparos rápidos de pratos pré-prontos com muito sabor e textura diferenciada!
No Brasil a técnica e o hábito do consumo da carne na banha se difundiram com a chegada dos colonizadores europeus que, além de gerarem maior demanda por alimentos que pudessem ser transportados e conservados trouxeram, também, os primeiros suínos para o país. Porém, é possível remeter a técnica de conservação da carne em gordura também a um alimento de raízes indígenas, a mixira, tradicional em algumas partes da região amazônica.
A mixira é uma conserva de carne de peixe-boi (ou também de pequenas tartarugas, tambaquis e outros peixes) na sua própria gordura. O termo vem do tupi michira que significa assar, fritar ou na forma de substantivo, assadura, a coisa assada. Uma combinação que resulta em “aquilo que eu frito”. A carne e a gordura do peixe-boi já eram bastante consumidos, como informa o jesuíta Fernão Cardim, em meados de 1580. O animal era ainda abundante no Brasil quando os colonizadores começaram a ocupar as áreas costeiras e interioranas da Amazônia, mesmo tendo feito parte da alimentação de populações nativas há milênios.
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